22.12.16

Canto

Eu canto um canto simples e picante
Os meus sonhos não cabem em mim
Corro ao ritmo do dia e da noite
Procuro atalhos, mas desdenho o fim

Destroo muros e abro caminhos
Abafo o canto que nasceu comigo
Embriago-me com desejos mudos
Resgato o canto outrora perdido

Mas tudo é ensaio, tudo é ilusão
Os triunfos, os medos – mera encenação
Enormes muralhas sem fundação
Um mundo feito em papelão

A verdade é o erro em contra-mão
Mas tudo é farinha do mesmo grão
Quem sabe é quem diz que não
E o resto vive numa grande ilusão

De lua a sol o vento me acorda
E range o tronco que me pus às costas
Vento tal que me dá uma boleia
E relembra dos compromissos e apostas

A inveja é o medo polvilhado de fracasso
A humildade é espontânea e graciosa
O sucesso é sábio e modesto
A persistência, sua fiel esposa

Imagem: www.pixabay.com

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