6.2.17

Valores

Recebe o que te dou
Porque tirei de mim
E entreguei a ti.

Recebe o que te dou
Não porque precisas,
Mas quem sabe, um dia?

Recebe o que te dou
Porque sou generoso ao oferecer
E és generoso ao receber.

Recebe o que te dou
Não porque te imponho,
Mas porque me exponho.

Recebe o que te dou
Porque não é só meu,
É também de quem me deu.

Perspectiva do autor
Os valores de antigamente já não são os mesmos de hoje: tema frequente de redações de provas, conversas do almoço de domingo ou diálogos com estranhos na estações dos autocarros. Os nossos avós dizem que nos seus tempos os valores eram melhores e mais dignos. E nós achamos que os valores passados pelos nossos pais são melhores do que os valores passados às crianças do presente.
Os valores que normalmente são apontados nesse contexto são: o respeito (aos mais velhos, às autoridades, às regras) e o pudor. Condenamos os jovens especialmente pela forma como se vestem, como se dirigem as pessoas, como se apresentam na sociedade. Vão trabalhar com roupas curtas, usam "dreads" e tatuagens. E eu pessoalmente não tenho nada contra nenhuma dessas coisas, mas me "empatizo" com essa desaprovação. Acho que uma parte bonita da passagem dos valores pelos nossos antecessores é o sentimento por trás deles. Os nossos pais nos passam os valores como relíquias que acumularam durante décadas de vida, como herança. E o fazem porque querem o nosso bem, porque esperam que com eles tenhamos uma vida mais triunfante e não cometamos os mesmos erros que eles. É um pouco arrogante da nossa parte pegar nesses valores e descartá-los.

S.N.

Imagem: www.pixabay.com