17.3.17

Medo

Cobre-me de confete e purpurina,
Esconde a minha alma peregrina,
Cala o meu canto feminista,
Escuta o meu sonho narcisista,
Celebra o meu futuro egoísta,
Abençoa o meu desejo consumista.

Amarra as minhas asas,
Recolhe as minhas armas,
Assume as minhas batalhas,
Silencia os meus mantras,
Invoca os meus fantasmas,
Acorrenta a minha alma.

Perspectiva do autor
Uma das razões pela qual não seguimos os chamados "sonhos", é o comodismo. É muito mais confortável seguirmos o caminho seguro, o caminho que muitas vezes foi "sonhado" para nós. É confortável, é seguro, é previsível. A alternativa parece ser sempre complicada. Porquê que raramente os sonhos são simples? Não conheço ninguém que tenha um sonho facilmente atingível, como ser pedreiro ou padeiro. O pedreiro sonha em ser engenheiro e o padeiro sonha em ter uma padaria própria. Não é interessante? Parecemos suicidas, sempre a procura de uma escada mais alta. E o resultado é que por almejarmos troféus tão grandes, tememos o caminho que nos leva a eles e acabamos frustrados. Mas é mais fácil ir na onda, ligar o piloto automático, sem delírios, acomodar-nos no medo.
S.N.

Imagem: www.pixabay.com

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